quarta-feira, 5 de abril de 2023





RISCA DE GIZ

  

Agora... mudou muito!

Quando ainda era, de fato, menina

Procurava na imaginação

o texto e a mensagem imaginativa.

Aí, escrevia e fitava ao longe,

bem além da minha vista,

o motivo e o sonho da minha escrita.

 

Não havia regra nem se falava em monografia.

A imaginação corria à solta.

Minha professora, sempre confiante e altiva,

corria a lousa, e em risca de giz

nos punha, a todas, a ser artistas.

 

Ela ensinava...

A menina dentro de mim viajava

e buscava em cada margem

escrever a frase mais bonita.

 

Eu gostava de poesia...

Gostava de ritmo, música e acabava sempre em rima.

A cada palavra eu dançava,

bailava feito ave deslizante e fluída.

Acabava me desfazendo e multiplicando

a cada poema, a cada história vivida.

 

Hoje, senhora do meu tempo e menina dividida,

estabeleço liame entre a força física e a mente evoluída.

Escrevo música, faço poesia e contato a vida.

Já não existe mais a risca de giz.

A lousa, hoje, é branca e colorida.

A professora ensina regra e é rígida.

Não admite licença e é normativa.

 

Mas...

O meu lado menina sobrevive na imaginação e na poesia.

O giz só uso para definir figuras de sonho

enlevadas, brincando na calçada fria,

como a lembrar  da velha amarelinha.

 

Enquanto isso olho a minha professora,

Aí do lado, adormecida,

feito risca de giz, para toda a vida...