RISCA DE
GIZ
Agora...
mudou muito!
Quando
ainda era, de fato, menina
Procurava
na imaginação
o texto e
a mensagem imaginativa.
Aí,
escrevia e fitava ao longe,
bem além
da minha vista,
o motivo
e o sonho da minha escrita.
Não havia
regra nem se falava em monografia.
A
imaginação corria à solta.
Minha
professora, sempre confiante e altiva,
corria a
lousa, e em risca de giz
nos
punha, a todas, a ser artistas.
Ela
ensinava...
A menina
dentro de mim viajava
e buscava
em cada margem
escrever
a frase mais bonita.
Eu
gostava de poesia...
Gostava
de ritmo, música e acabava sempre em rima.
A cada
palavra eu dançava,
bailava
feito ave deslizante e fluída.
Acabava
me desfazendo e multiplicando
a cada
poema, a cada história vivida.
Hoje,
senhora do meu tempo e menina dividida,
estabeleço
liame entre a força física e a mente evoluída.
Escrevo
música, faço poesia e contato a vida.
Já não
existe mais a risca de giz.
A lousa,
hoje, é branca e colorida.
A
professora ensina regra e é rígida.
Não
admite licença e é normativa.
Mas...
O meu
lado menina sobrevive na imaginação e na poesia.
O giz só
uso para definir figuras de sonho
enlevadas,
brincando na calçada fria,
como a
lembrar da velha amarelinha.
Enquanto
isso olho a minha professora,
Aí do
lado, adormecida,
feito
risca de giz, para toda a vida...