CASCALHOS
O passo chega
com barulho de ranger.
Os ouvidos refletem
o atrito das pedras
anunciando a chegada
estrepitosa e medonha
de quem chega sem bater.
São cascalhos
postos em volta.
Cercando a casa,
guardando a alma.
Como se fosse vigilante
pronto a defender.
O silêncio amplifica a paisagem
e põe na noite o seu poder.
Os cascalhos se dispersam
com os passos que circundam,
avançam e chegam ao portal.
Meu coração parece subir para a boca
tamanho é o pavor.
Estou contrita e parada
esperando a hora do grito,
expectante até o final.
Os cascalhos calam
ali no umbral.
O vento sibila, tremula cortinas
e verga as folhas da colina.
O cenário está pronto
e eu fico artista
para o último ato e despedida.
Vivi cascalhos ruidosos por tantos dias
que agora os asfalto para seguir na linha.
Ficar tranqüila, dormir e sentir prazer
é uma escolha de vida.
Ainda que para isso se abra mão
de ilusão e faz de conta
com estórias da carochinha.
Prefiro o “pé no chão”, real, do dia a dia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário