sábado, 21 de janeiro de 2023

 




CASCALHOS

 

O passo chega

com barulho de ranger.

Os ouvidos refletem

o atrito das pedras

anunciando a chegada

estrepitosa e medonha

de quem chega sem bater.

 

São cascalhos

postos em volta.

Cercando a casa,

guardando a alma.

Como se fosse vigilante

pronto a defender.

O silêncio amplifica a paisagem

e põe na noite o seu poder.

 

Os cascalhos se dispersam

com os passos que circundam,

avançam e chegam ao portal.

Meu coração parece subir para a boca

tamanho é o pavor.

Estou contrita e parada

esperando a hora do grito,

expectante até o final.

 

Os cascalhos calam

ali no umbral.

O vento sibila, tremula cortinas

e verga as folhas da colina.

O cenário está pronto

e eu fico artista

para o último ato e despedida.

 

Vivi cascalhos ruidosos por tantos dias

que agora os asfalto para seguir na linha.

Ficar tranqüila, dormir e sentir prazer

é uma escolha de vida.

Ainda que para isso se abra mão

de ilusão e faz de conta

com estórias da carochinha.

 

Prefiro o “pé no chão”, real,  do dia a dia.

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