domingo, 15 de janeiro de 2023

 

VIAGEM

 

 

Espumas... Centenas delas vêm até mim.

Refrescam o meu coração convulsionado,

fazendo carícias  necessitadas  e suplicadas, mas

sempre sufocadas, amordaçadas.

Odoyà afaga  minh' alma em alento;

confiança que a sensação de perda aniquila.

 

É uma viagem... E a lua crescente como pingente

anuncia um recomeço que não queria.

É uma volta sem fim do eu sozinha.

Talvez fique melhor assim, do que sofrida.

 

Os coqueiros balançam ao sabor do vento

e fazem dueto  com as ondas ali na frente, constrangidas.

Pois o grito da minha dor é maior que o murmuro do mar...

 

E a viagem continua... No rastro das espumas.

Centenas delas, parelhas e nuas

se insinuando por entre as areias

ainda mornas, na tarde quente.

 

O por de sol acompanha a viagem...

Desliza no tempo e carrega a saudade.

Mas a espuma, insistente

segue junto, renasce e fortalece

pois a vida é curta como o espaço que ela procura.

Por isso chegam até mim...

parada na rua, vestida de lua do dia

viajando perdida em vagas

buscando um sopro de vida.

 

A hora é finita e o tempo gira.

 

Nela giro eu, como um moinho,

exposta em carne viva!








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