VIAGEM
Espumas... Centenas delas vêm até mim.
Refrescam o meu coração convulsionado,
fazendo carícias necessitadas
e suplicadas, mas
sempre sufocadas, amordaçadas.
Odoyà afaga minh' alma em alento;
confiança que a sensação de perda aniquila.
É uma viagem... E a lua crescente como pingente
anuncia um recomeço que não queria.
É uma volta sem fim do eu sozinha.
Talvez fique melhor assim, do que sofrida.
Os coqueiros balançam ao sabor do vento
e fazem dueto
com as ondas ali na frente, constrangidas.
Pois o grito da minha dor é maior que o murmuro
do mar...
E a viagem continua... No rastro das espumas.
Centenas delas, parelhas e nuas
se insinuando por entre as areias
ainda mornas, na tarde quente.
O por de sol acompanha a viagem...
Desliza no tempo e carrega a saudade.
Mas a espuma, insistente
segue junto, renasce e fortalece
pois a vida é curta como o espaço que ela
procura.
Por isso chegam até mim...
parada na rua, vestida de lua do dia
viajando perdida em vagas
buscando um sopro de vida.
A hora é finita e o tempo gira.
Nela giro eu, como um moinho,
exposta em carne viva!
Nenhum comentário:
Postar um comentário