segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

 



SENSAÇÕES

  

A quietude cai

na madrugada quente.

Meu corpo se debate

insaciado e trôpego

no leito enorme.

Sem vestígio ou aviso,

a insônia invade

o espaço visceral

da tua saudade.

 

Reviro e chuto,

amarfanho e aliso

mas não encontro

repouso e alento.

Falta algo no espaço

que nada preenche,

continua o vácuo,

como se nada completasse.

Num eterno abismo

fora de esquadro.

 

A expectativa exaure

e o corpo estremece

em ondas de suor e angústia.

O calor maltrata e alucina,

tornando esta noite

uma guerra de guerrilhas.

Nada alivia...

A saudade me domina.

 

A noite está parada...

Só eu me debato

como ave presa na armadilha.

O zoar do vento artificial

provoca espasmo

já que amplifica o nada

na noite quente e enluarada.

 

Não há brisa...

Como a noite, a vida está parada.

Só eu me reviro e chuto

como se a insônia

pudesse ser desalojada.

Mas não... É a saudade que maltrata

e o ciúme do cuidado que apavora.

 

E a quietude segue

na madrugada quente.

Avançando horas, penitente,

trazendo sensações

no turbilhão da mente

que insiste em guerrear no vazio

totalmente insone.

 

Revolvo, remexo

e acomodo o corpo febril.

Reposiciono, chuto e

encurto o espaço

mas nada traduz o desespero

na hora de dormir.

Mais uma madrugada na guerrilha

com sensações insanas de amante,

tomada de ciúme e saudade

no quarto vazio e quente.

 

São meras sensações...

Mas me deixam agonizante!

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